segunda-feira, junho 26, 2006

Toalha Bordada

Sutil, o sangue fluía pela escadaria, ela lavava as mãos, sem pressa.A porcelana encardida do inécio do século agora estava enrubescida.A água acariciava-lhe os dedos, parecia-lhe que a alma mergulhava, dando vida a um lago estático em alguma tarde quente d eprimavera.Há quanto tempo não sentia seu corpo tão leve!
Já se havia passado quarenta e seis anos, e agora que tudo estava terminado, ela perguntava o porquê de ter adiado tanto a felicidade.Por que esperou que seus lindos cabelos castanhos grisassem?Que seus lábios mordazes encrespassem?E os olhos negros, agora fundos e que já se permitiam perder, fitavam no espelho o reflexo da estrada de terra batida, além do vidro opaco da janelinha redonda.
Enxugou as mãos na toalha amarela que ela mesmo bordara, atravesou o corredor, cutucou o braço do finado com a bengala, desceu a escada vagarosamente, abriu a porta e, com um sorriso promissor seguiu pela estrada poeirenta e ensolarada.
A porta aberta, o sangue na escada, a toalha úmida...Uma sexagenária fora-da-lei feliz!

FIM

Bom, eu sempre escrevo sobre pessoas morrendo e tal, nesse dia eu imaginei algo um pouco diferente, sei lá, imaginem uma casa de um senhor rico do inicio do século XX, uma casa sem criados e no meio de um grande nada, onde ninguém passa para visitas, isso e uma senhora reprimida que mata o marido depois de 40 anos.Quer dizer, velhinhas nao matam!XD e, sei lá, ela mata e vai embora, rumo a qualquer lugar, sem arrependimentos, nada.Ninguém vai achar aquele cadáver, mesmo estando ele jogado numa escada de frente pra porta aberta!Não é...lindo?

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

lindo demais.

2:40 PM  
Blogger Iuska, a wolski said...

^^

9:49 AM  

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